terça-feira, 21 de setembro de 2010

1914-1929 La Garçonne e a Nova Simplicidade

     Em 28 de junho de 1914, um estudante sérvio assassinou a tiros o herdeiro do trono austríaco, o arquiduque Francisco Ferdinando, e sua esposa na capital da Bósnia, Saravejo. Esse foi o estopim da 1° Guerra Mundial.
     Com a 1° Guerra Mundial, houve mudanças significativas na criação de moda, nos tecidos para as roupas e no método de produção. Apesar disso a moda parisiense permaneceu incontestada e as casas de alta-costura continuaram a "dominar" o mercado. No primeiro ano das hostilidades as revistas  de moda praticamente ignoraram a guerra e enquanto isso estilistas buscava inspirações nela, introduzindo referências militares em suas coleções, além da cor cáqui. Foi introduzido jaquetas com uma leve cinturada, com bolsos chapados, passamanes, galões e alamares e casquetes no guarda-roupa feminino.
     Somente em 1916, onde a guerra estava afetando até os mais ricos, os modelos começaram a se adequar à escassez da guerra. Cores escuras e esmaecidas predominaram, devido aos tempos difíceis, e os jornais de moda aproveitava o período para oferecer uma vasta coleção de preto.
     Em 1916 muitos estilistas aderiram a blusa sem abotoamento, que até hoje é o maior sucesso, e peças simples para se adequar à escassez. Mas foi a jovem Gabrielle Chanel que transformou  os modelos de moda da guerra, trazendo um estilo mais informal e esportivo. Seus conjuntos de duas peças, capas e paletós causaram sensação por causa da simplicidade. Chanel fez do jérsei o tecido  máximo da moda que antes era usado para roupas esportivas. Algo semelhante acontece atualmente com o jeans, hoje ele é usado em quase tudo, além de acessórios, sapatos e bolsas de marca famosa. 
     As roupas práticas se tornaram essenciais para as mulheres, já que estas foram encorajadas a entrar para o trabalho. A praticidade também foi notada nas roupas de baixo, com a adoção de sutiã, liberando as mulheres do espartilho.




     Após a guerra seguiram-se dois estilos,  o tradicional feminino, com roupas sonhadoras, tons pastéis, tudo romântico, e o modernista, o que determinou a moda do pós-guerra. O visual garçonne, baseado na novela de Victor Margueritte onde uma jovem deixa sua família em busca de uma vida independente. Era um estilo jovial, meio moleque que provocou uma mudança no físico feminino devido a cintura baixa, deixando a mulher mais esguia. As mulheres passaram a usar o cabelo bem curto assemelhando-se ao corte dos garotos das escolas. O que evidenciava o visual garçonne era o corte reto.




1920s Tailored Suits
     A adoção de práticas esportivas, além de roupas, tornaram-se o foco da nova modernidade. As roupas de banho, feitas em malha, surgiu em 1918. Com o passar dos anos o trajes foram diminuindo. Homens e mulheres já podiam frequentar juntos a praia.
     A roupa masculina recebeu forte influência do príncipe de Gales, um formador de tendências. As roupas esportivas podiam ser usadas como roupas informais. Chanel trouxe artigos do vestuário masculino para o feminino, mas um dos mais radicais foi a calça, do qual as jovens mais na moda começaram a usar. Em 1926 Chanel lança o famoso "pretinho", marcado pela sua elegância e ótimo caimento.



Reproducao

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mendes, Valerie. A moda do século XX.Cap. 1-1900-1913: Ondulações e Exotismos

     A sociedade do início do século XX é marcada por homens e mulheres com grande poder aquisitivo e que se exibiam com todo luxo em seus  vestidos elegantes. Assistir e participar de cavalgadas em Londres; passear pela esplanada em Biarritz: ir a ópera e observar as pessoas no final da tarde, eram costumes da alta sociedade. A classe social e a posição das pessoas eram ditadas pelo vestuário. Fugir da moda era se expor ao ridículo social, por isso, todos seguiam os ditames da moda.
   Na época, Paris era considerada o grande centro da moda e qualquer roupa com uma etiqueta parisiense era muito valorizada. No início do século, as roupas ainda tinham características do séc. XIX, mas com o tempo, com a chegada do Ballet Russe, a estilista Paul Poiret introduziu no vestuário um ar de orientalidade, deixando as roupas com cores fortes e mais decorativas, podendo observar nas exposições o uso de lantejoulas, bordados, renda, flores artificiais, rufos e babados.
    Para as mulheres, vestir-se era algo que exigia ajuda de uma ou mais criadas. As roupas femininas era composta por uma chamise acompanhada de combinações em branco, e o espartilho, que dava um desconforto, mas levantava os seios, arredondava as ancas, dando a elas a famosa curva em "S", e era sinônimo de postura e charme para as mulheres. Além dessas vestes, acessórios como luvas, leques, chapéus enormes, guarda-chuva, sombrinha e bengalas davam um toque final.

    Os homens elegantes com suas cartolas e fraques sobre casacas e chapéus com conjunto de passeio menos formais, que se tornavam cada vez mais populares.

   As mulheres usavam maquiagens leves, pílulas, eletrolise, cremes, e chegavam a beliscar as bochechas e morder os lábios para mostrar uma pele saudável, tudo em busca da beleza.
   Os pobres não desfrutavam de tamanho prazer e luxo. Usavam roupas usadas e doadas por caridade.
   Os trabalhadores da costura e alfaiataria trabalhavam até 17 horas por dia e ganhavam pouco. Algumas mulheres adoeciam e transmitiam doenças através das roupas que fabricavam, pois as vezes dormiam em cima dos tecidos.
   A moda era divulgada pelas revistas, jornais e cartão-postal. Com o tempo o desenho foi substituído pela fotografia. Além disso, cartões de cigarro e uniformes de times de futebol e beisebol.
   Com a apresentação dos Ballets Russes em 1911, Poiret, com seus modelos, conseguiu distanciar a forma curvilínea e cheia, dada pelo espartilho, trazendo cores fortes e brilhantes e uma forma longa e esbelta.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Texto: As origens da Costura - Cosac & Naify. 2009

     A valorização da profissão de costureiro no século XIX, é destacada primeiramente por Charles Frédéric Worth, que através de suas revoluções na moda eleva o status de sua própria profissão. Se com Worth surgiu a alta costura, com Paul Poiret surgiu a diversificação das profissões de moda, pois ele criava para todos os ramos da indústria do luxo: decoração, perfumes, renda, tapeçarias. Já Jacques Doucet se inspirava em movimentos artísticos, como o impressionismo, em suas criações.
      A costura e a confecção só se distinguem claramente em 1910, quando a costura trata de definir suas regras. Resumidamente, a costura enfatiza o luxo e a confecção o lucro.
     Em 1905, surgem os primeiros desfiles para apresentação de coleções, através da iniciativa de lady Duff-Gordon, tornando-se um recurso importantíssimo no mundo da moda.
     Durante a guerra, apesar de tantos empecilhos, a moda resiste bravamente até o final, tornando-se assim uma das maiores e mais lucrativas indústria do mercado atual.



Foto de Rose Bertin, nomeada "ministra da moda".  ... executa os desejos da rainha Maria Antonieta usando sua manifesta influência junto a ela para tocar o seu comércio (GRUMBACH, Didier. História da moda, São Paulo: Cosac & Naify.2009).


















Cena do filme Maria Antonieta. Vestido feito por Rose Bertin, primeira ministra da moda.















Criações de Worth (1887 e 1889).

"Meu trabalho", diz ele, "não é apenas executar, mas principalmente criar. A criação é o segredo do meu sucesso. Não quero que as pessoas encomendem suas roupas. Se encomendassem, eu perderia metade de meu comércio". Ou ainda:"A revolução de 1870 é pouco se comparada à minha revolução, eu que destronei a crnolina". GRUMBACH, Didier. História da moda. São Paulo: Cosac & Naify. 2009.